18 de mai. de 2011

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como a bruma


E das bocas unidas fez-se a espuma


E das mãos espalmadas fez-se o espanto.




De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama


E da paixão fez-se o pressentimento


E do momento imóvel fez-se o drama.



De repente, não mais que de repente


Fez-se de triste o que se fez amante


E de sozinho o que se fez contente.




Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se da vida uma aventura errante


De repente, não mais que de repente.





Vinicius de Moraes


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