21 de out. de 2011

Tudo se acabou, como tudo acaba...

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Tudo se acabou, como tudo acaba...
Como os rios d’água doce que dançam nas cachoeiras, nas sinuosidades das curvas se abraçam, se encontram, e se perdem no mar.
Como um botão de rosa que se abre pela manhã transpirando, respirando, absorve a fotossíntese da radiação solar...
Desabrocha a flor, perfuma, enfeita o ambiente, as margens dos rios, dos campos e das cidades...
E no dia seguinte perde a viscosidade, murcha, morre.
Tudo se acabou, como tudo acaba...
Como o dia que nasce, brilha e se acaba no horizonte, ao morrer à tarde...
Se esvaindo nos gemidos do soprar do vento, no soluçar das cores rutilantes avermelhadas da extensão indefinida do espaço.
Tudo se acabou, como tudo um dia se acaba...
O dia, à tarde, à noite e o amor.
A vida é assim, é um prazer, é um renascer...
É uma metamorfose constante, até o espirito voar e a carne putrefata se transformar em pó...
Enquanto isso, sutilmente vem à noite arrastando seus chinelos...
Com seu vestido, seu tecido negro enfeitado com o luar e as estrelas para iluminar a minha noite, aí tudo se transforma.
A noite é uma criança infante, tão pequena, tão curta, tão frágil...
Vivi o dia, à tarde, à noite...
E nem me dei conta, tudo passou tão rápido, tão depressa...
O dia raiou, uma explosão de luz brilhou no céu...
O dia seguinte amanheceu!
Hoje estou vivenciando o dia, indolente captando as cores, o morrer da tarde...
Veementemente, esperando outra noite chegar...
Por que o dia, à tarde, à noite e o amor...
Por trás das cortinas escarlates do seu quarto, na penumbra da luz do candeeiro...
No espaço e no tempo, o amor explode, o amor sobrevive...
E num relampaguear dos corpos, tudo se transforma...
Entre os lençóis, suspiros e sussurros... Outro dia amanheceu!
Quero captar a tonalidade das cores, vivenciar o dia, contemplar, refletir e admirar o morrer da tarde...
Exacerbado de desejo, esperando a sedutora noite chegar, por que nada em mim morre...
A vida é uma tela, é uma arte, tudo se transforma


F.Chagas Silva*
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