3 de jun. de 2009

UM POUCO DE CASTRO ALVES

Cansaço


O náufrago nadou por longas horas…

Na praia dorme frio num desmaio.

A força após a luta abandonou-o,

Do sol queimou-lhe a face ardente raio.
Pois eu sou como o nauta…

Após a luta

Meu amor dorme lânguido no peito.

Cansado… talvez morto, dorme e dorme

Da indiferença no gelado leito.
Sobre as asas velozes a andorinha maneira se lançou nos puros ares…

Veio após o tufão…

lutou debalde,

Mas em breve boiou por sobre os mares.
Eu sou como a andorinha…

Ergui meu vôo sobre as asas gentis da fantasia.

A descrença nublou-me o céu da vida…

E a crença estrebuchou numa agonia.
Como as flores de estufa que emurchecem

lembrando o céu azul do seu país,

Minha alma vai morrendo,

suspirando por seus perdidos sonhos tão gentis.
E que durma …

E que durma … ó virgem santa,

Que criou sempre pura a fantasia,

Só a ti é que eu quero que te sentes

Ao meu lado na última agonia.

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