25 de mai. de 2009

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE

Satânico é meu pensamento a teu respeito,
e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão,
numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma,
e eu estava em minha cama,
quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu,
sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença,
aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares.
Eu adormeci.
Hoje quando acordei,
procurei-te numa ânsia ardente,
mas em vão.
Deixaste em meu corpo
e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo,
para na mesma cama, te esperar.
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim,
livrar-me-ei de ti,
pernilongo Filho da Puta!!!!

Carlos Drumond de Andrade+++

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